EU SOU UM FUDIDO

Carro, todavia, pegando carona aqui e ali,
Sem nunca contribuir com um centavo para a gasolina.
Casa, aluguel e todas as outras contas do mês sempre atrasadas,
E nos armários e na geladeira espaços vazios
Sendo devorados rapidamente 
Por uma barriga extremamente faminta e agonizante,
E agora que eu estou liquidado 
Todo tipo de necessidade presente em minha vida
Me consome todo dia sem deixar restos,
E não importam quantas vezes eu tente, eu não,
Simplesmente não consigo realizar nenhuma mudança.

Na cama um amor em decadência 
Trocando meu nome a cada investida
E lá fora um bando de amigos delinquentes
Esperando por mim para mais bebidas e mais furos na veia.
Religião, eu já passei por todas as placas de igrejas 
E não tenho mais forças
Para manter a fé queimando dentro do meu coração… 
Ooh como antes,
Porque eu deixei de acreditar quando deixei o diabo me tirar
Para dançar longe de Deus.

Ooh agora eu vejo a minha realidade 
Nos olhos de cada semelhante ao meu redor,
E enquanto meus passos cambaleiam,
Nesse instante, pareço não conseguir encontrar meu chão,
E eu ainda posso ouvi-los sussurrando em tons altos:
“Lá está mais um despejado se misturando a nós, 
Procurando por um teto seguro”
Pobre coitado completamente perdido... 
Sem família jogado ao relento,
Será que ele sabe que este é o seu destino final?

Eu sou um fudido…
Eu sou um fudido…
Eu sou uma cabeça de suíno com os neurônios todos falidos.
Eu sou um embutido pronto para ser substituído.
Eu sou um ferrado…
Eu sou um ferrado...
Maltrapilho viciado e estragado.

Dinheiro, quando eu tenho algum geralmente é emprestado,
E quando a senhora cobrança bate a minha porta 
Eu me escondo no porão,
Porque eu sei que ela jamais acreditará em mim quando eu disser
Que eu não posso devolver aquilo que eu nunca tenho.

Meu corpo despido e arrepiado, meus pés descalços e sujos,
Tudo entregue de corpo e alma ao frio e a chuva,
Vivendo quase sempre sem nada,
Mas quando eu tenho alguma coisa 
Normalmente são sempre usadas ou roubadas.

Eu sou um fudido…
Eu sou um fudido…
Eu sou uma cabeça de suíno com os neurônios todos falidos.
Eu sou um embutido pronto para ser substituído.
Eu sou um ferrado…
Eu sou um ferrado...
Maltrapilho viciado e estragado.

Trabalho, eu estou há tempos desempregado,
Atirando para todo o lado,
Que eu nem lembro mais de quando foi à última vez 
Que eu ouvi alguém dizer:
‘“Hei você está contratado,”
“Você começa amanhã de manhã.”
E no concreto uma bunda cheia de calos e acima do pescoço
Uma cabeça cheia de sonhos,
Apenas esperando a morte chegar.

Nas ruas as mesmas esquinas imundas,
Os mesmos bares mal frequentados,
A mesma vida de merda me puxando para o fundo do poço,
Ooh o céu para mim parece nunca ficar azul,
Eu estou tão cansado de tudo.
Meus olhos cheios de mentiras e medo 
Não querem encarar a verdade nem por um segundo,
Meus dias seguem sempre sem novidades,
No passado eu era e certamente no futuro,
Eu ainda serei o que eu sou…
Um pedaço de nada sempre dependente da carência de estranhos.

Eu sou um fudido…
Eu sou um fudido…
Eu sou uma cabeça de suíno com os neurônios todos falidos.
Eu sou um embutido pronto para ser substituído.
Eu sou um ferrado…
Eu sou um ferrado...
Maltrapilho viciado e estragado.


 De autoria de Elvis Alexandre Guedes!

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