ATIRANDO AOS CÉUS


Eu vejo,
Você indo e vindo
Em um circulo vicioso e frenético.
Eu vejo,
Você rabiscando nas paredes sujas de seu apartamento,
Solitárias exigências para tudo o que você gostaria de manter.
Eu vejo,
Em um lapso momentâneo de lucidez,
Você rezar uma prece em silêncio.
Depois,
Eu vejo,
O tédio lhe causar uma imensa embriaguez.
Eu vejo
Na ponta de suas unhas pintadas de preto,
A mesma velha dúvida aparecer 
E corroer a sua mente de novo.

E dia após dia,
Noite após noite...
Você não consegue adormecer,
Você não consegue adormecer,
Você não consegue adormecer
E nem acreditar como antes 
No futuro que você já se acostumou a sonhar. 

Os seus olhos enigmáticos e irônicos, 
Diga-me o que eles vêem 
Quando ficam de frente para o espelho?
Um olhar lamentável e triste, 
Um pedido de perdão por uma vida 
Estupidamente desperdiçada,
Um pedido além de seu orgulho privado 
E de qualquer coisa que você já tenha desejado,
Uma coleção sem valor de esperanças e desejos passados...
Diga-me, se eu estou errado.
Quando eu a vejo escolhendo entre viver o hoje 
E esperando por um amanhã vazia.
Quando eu a vejo se entregar
Sem lutar por alguma mudança.
Diga-me quem aqui precisa
Colocar um sorriso no rosto para esconder a dor?

Aí está você,
Maquiada de morte pálida,
E enquanto você tenta fugir de suas ações insensatas 
E se esconde de suas consequências debaixo da cama,
Chorando como uma criança...
Lá fora, 
Você sabe,
As sombras pacientemente vigiam 
Os seus movimentos o tempo todo...
E não deixarão você escapar,
Não deixarão você escapar,
Não deixarão você escapar para aquele mundo 
No qual você já se acostumou a imaginar.

O salva-vidas que o inverno salva não salvará 
A sua alma hoje...
Sentindo frio até os ossos se quebrarem, 
Você se encontra no fundo do poço
Para as profundezas de seus velhos males 
Onde todas as esperanças afundam procurando por você
E em todos os cantos escuros de uma sensação 
Que você agora vive intensamente.

Então você vive sobrecarregada 
Com tudo o que você tem que viver todo dia,
Oh, Perigoso escorpião, 
Aparentemente uma frágil vítima na teia 
De uma aranha assassina,
Oh, Santa inocência transviada, 
Presa á mãos mercenárias, 
Que chance você terá?
Aqueles miseráveis sangues sugas
Irão trenar até a última gota de sua esperança.
Mas seja lá o que for que você está planejando fazer, 
Lembre-se bem,
Onde há cascas de ovos também pode haver cacos de vidros,
Então mantenha o seu veneno em alerta. 

Garota sombria,
Eu a vejo se conectando ao passado, 
Uma história e tanto para contar
E uma batalha e tanto para esquecer,
Mas as memórias colidem em ondas incansáveis 
Dilacerando as suas necessidades básicas,
E fazendo-a se sentir ainda mais um lixo humano 
Diante á uma sociedade hipócrita
E suas cobranças absurdas.

Garota sem nexo 
Você não tem nada a perder,
Você não tem nada além de uma barriga vazia 
E um desapego às coisas que lhe parecem boas,
Simplesmente tudo o que você tem é cafeína 
Na sua corrente sanguínea
E uma demasiada falta de açúcar na sua vida amarga.

Você agora fala sobre fé e sobre lutar pela sobrevivência,
Isto é um tanto quanto estranho,
Já que você se rende á autopreservação
De pessoas que apenas importam-se consigo mesmas,
E se esquece de buscar perdão pelos seus pecados.
Onde está a salvação? 
Onde está a luz no final do túnel?
Onde está a porta aberta? 
Onde está a imortalidade para este estilo de vida?
Você daria a vida por elas, mas elas não dariam nada por você.

Desequilibrada devoção e paixão,
Você nunca dará uma chance 
Para quem lhe promete um mar de rosas,
Uma atitude cega que toca a perfeição,
Mas que machuca profundamente a alma.

Eu, eu não sei o que te faz ou o que lhe dá o direito
De confundir os seus valores e mudar o certo para errado.
Você é tão confusa e perdida,
Deixando de lado o melhor que você 
Tem para dar aos outros,
Deixando de lado o melhor que você 
Tem para dar á Deus,
Você está deixando de lado o melhor que você 
Tem para dar a si mesmo,
Eu não entendo isso.

Porque não há nada lá para se agarrar,
Mulher e filhos somente pela força do destino uma família Apenas para algumas horas tranquilas,
Mas nada é o que parece ser não é mesmo?
Você almeja bem mais do que isto,
E, então, tudo se foi do mesmo modo que veio até a você.

Garota mórbida,
Você precisa acreditar em algo de verdade,
Pois você está atirando aos céus, 
Cada tiro sem rumo, 
Onde você pensa que vai parar?
Você está atirando aos céus,
Você está atirando aos céus,
Você está atirando aos céus,
Você está atirando aos céus...

Hei jovem Mila, tão linda e tão inquieta!
Tão livres nos seus lábios,
Palavras prematuramente tristes,
A vida nunca é bondosa, agora você sabe.
Hei jovem Mila, tão linda e tão inquieta!
Você fuma esperando uma morte precoce,
E você se apaixona já esperando uma chamada sem resposta.
Hei jovem Mila, tão linda e tão imprudente,
Viver contigo é como sustentar um idiota 
E deixar de viver,
Brutalmente sem fé e sem proteção, 
Tudo se despedaça ao primeiro toque.

Então diga o que você fará sozinha no inferno?
Coração e alma, um irá queimar.
Tentando achar seu caminho na vida,
Olhando para trás, você sabe que tudo
Que eu vejo através de seus olhos paranoicos e entorpecidos
São coisas que você poderia ter mudado,
Você deveria ter feito,
Aonde os bons tempos foram?
Você simplesmente não pode fazer isto sozinha.

Jogando com a dor sem hesitar,
Na extremidade de seu maxilar quebrado 
A ponta de seus pés cansados,
Você começa a recordar das coisas que sente falta,
Então mais uma lágrima cai, uma lágrima sempre cai,
Revelando o quão problemático e desajustado seus passos são,
E enquanto eles desaparecem no horizonte desconhecido,
Você segue atirando aos céus...
Atirando aos céus,
Atirando aos céus,
Atirando aos céus,
Atirando aos céus.

De autoria de Elvis Alexandre Guedes.

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